quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Morte

Desde seu primeiro segundo fora do quente recanto que era o útero de sua mãe, você começou a morrer. Morte. Uma palavra, vários significados. Eu, particularmente, adoro quando ela é empregada no sentido de fim. Você morreu pra mim. Á partir de hoje, não importa quantas palavras dedicadas a você me venham a mente, eu não as escreverei mais. À partir de hoje, não importa quantas vezes seu doce sussurro vier assolar-me à noite, eu não escutarei. À partir de hoje, não importa quantas vezes aquelas turvas lembranças de nossos momentos juntos me venham a mente, eu ignorarei. Você fez por merecer. Culpa? Não, não acho que você a sinta. Eu sinto. Me sinto culpada por ter deixado esse sentimento crescer, me sinto culpada em cada milésimo desses segundos em que morro, e penso, cada vez mais constantemente em formas de apressar a minha morte. Se eu já morro há tanto tempo, porque não morrer mais rapidamente? Não gosto de esperar. Não gosto da idéia de o tempo decidir as coisas por mim. À partir de hoje, tudo vai ser diferente. Com ou sem você, minha decisão já está tomada. Fim. O meu fim. O nosso fim. Se é que algum dia nós começamos... E se começamos, não tínhamos tanto para queimar ao longo do tempo. Então, hoje, eu decreto a nossa morte.
(N.D)(09/03/10)

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